Bolsonaro e aliados vão para banco dos réus em interrogatório no STF
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados que formaram a cúpula de seu governo vão se encontrar presencialmente hoje no STF (Supremo Tribunal Federal) nos interrogatórios da ação penal sobre a trama golpista para mantê-lo no poder.
O que aconteceu
Supremo interroga a partir desta tarde os réus do chamado "núcleo crucial" da trama golpista. O ministro Alexandre de Moraes, relator da ação no STF, marcou sessões de hoje até sexta para ouvir os oito acusados.
Réus se encontram e ficam frente a frente com Moraes. As audiências serão presenciais na sala de sessões da Primeira Turma do STF, que foi adaptada para receber a todos como uma espécie de tribunal do júri.
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Supremo tem segurança reforçada. O STF montou esquema parecido ao do recebimento da denúncia, em março, com maior controle na entrada e monitoramento. A sala fica em um edifício anexo ao tribunal, na praça dos Três Poderes. Os interrogatórios serão transmitidos pela TV Justiça. O UOL também exibe o processo ao vivo, a partir das 14h.
Cúpula do governo Bolsonaro vai ser ouvida. O STF interroga o ex-presidente, seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid, os ex-ministros Braga Netto (Casa Civil), Augusto Heleno (GSI), Anderson Torres (Justiça) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem e o ex-comandante da Marinha Almir Garnier. As sessões podem ser estendidas caso os depoimentos se alonguem.
Primeiro a depor será Mauro Cid, delator no processo. Apesar de ter fechado o acordo de colaboração premiada, ele foi denunciado. Durante o julgamento, os ministros vão levar em conta a efetividade das informações fornecidas para decidir sobre os benefícios dados a ele. A delação é um dos principais pontos questionados pelas outras defesas.
Lei estabelece que o delator deve ser ouvido antes dos outros. O objetivo é assegurar que os outros réus conheçam as acusações e informações trazidas pelo colaborador antes de falarem, garantindo assim o amplo direito de defesa. Os outros acusados depõem por ordem alfabética.
Réus podem ficar em silêncio. Eles têm direito a não se autoincriminarem, por isso podem ficar calados e evitar responder a qualquer pergunta. Moraes, que é o juiz instrutor, é o primeiro a questionar, seguido de Paulo Gonet (procurador-geral da República) e das defesas dos réus, em ordem alfabética. Não há limite de tempo para cada depoimento
Bolsonaro será o sexto a depor. Os réus ficarão sentados lado a lado em ordem alfabética. O formato deve fazer com que Bolsonaro fique sentado ao lado de Cid e do general Augusto Heleno, antigo chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional).
Apenas Braga Netto vai ser ouvido de forma virtual. Ele continua preso no Rio e vai acompanhar o processo por meio de videoconferência. É o último a falar. Os réus são obrigados a acompanhar as sessões até prestarem o seu depoimento. Depois, podem pedir para serem dispensados do restante da audiência.
Eles estão proibidos de se comunicarem entre si. Moraes liberou para que se cumprimentem, mas não podem conversar. Essa é uma das restrições impostas por Moraes ao longo da investigação sobre a tentativa de golpe.
Os réus que vão ser interrogados, na ordem:
- Mauro Cid (ex-ajudante de ordens da Presidência e delator);
- Alexandre Ramagem (ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência);
- Almir Garnier (ex-comandante da Marinha);
- Anderson Torres (ex-ministro da Justiça);
- Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional);
- Jair Bolsonaro (ex-presidente da República);
- Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa);
- Walter Braga Netto (general da reserva e ex-ministro da Casa Civil).