Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Por medo de derrota para Lula, Bolsonaro antecipa o roteiro golpista

No cronograma anunciado pelo Centrão, a essa altura do campeonato Jair Bolsonaro já estaria fazendo Lula comer poeira nas pesquisas eleitorais. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, no início de maio, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), fez prognóstico otimista quanto ao embate entre Bolsonaro e o petista: "É uma expectativa que, pelas últimas pesquisas, ele (Bolsonaro) e no final de maio ou junho".
Como se viu pelos últimos levantamentos de intenção de votos, Lira errou redondamente. Nas pesquisas mais confiáveis, a dianteira de Lula só faz aumentar.
A previsão do presidente da Câmara era baseada menos no conservadorismo que ele identificou na população brasileira, como teorizou na entrevista, e mais na força da máquina do governo, que liberou bilhões de reais aos aliados do Centrão para fazer subir o conceito de Bolsonaro junto ao eleitorado. Até agora, deu errado.
Ao que tudo indica, o próprio presidente da República acreditou na projeção de Lira e agora mostra-se perplexo ao constatar que as coisas estão longe de correr conforme o esperado.
A falta de soluções efetivas para os problemas gerais na economia, que fazem os brasileiros sentirem no bolso os efeitos da inflação galopante, fulmina o poder de compra e torna ineficazes itens importantes do pacote de bondades eleitorais, como o Auxílio Brasil de R$ 400.
O resultado é a retomada dos xingamentos aos ministros do Supremo Tribunal Federal e Tribunal Superior Eleitoral, as ameaças de não cumprir decisões da corte e a convocação da segunda edição do 7 de setembro golpista, com manifestações ao estilo do que aconteceu no ano ado. Dessa vez, a convocação está sendo feita com três meses de antecedência.
A quatro meses do primeiro turno das eleições, Bolsonaro e seus apoiadores já não escondem o desespero. As ameaças de retirada de recursos por parte de clientes da XP, caso a instituição financeira divulgasse nova pesquisa ontem - na qual Lula também aparece com liderança folgada - são um recibo de que o Palácio do Planalto vive dias de pesadelo. A divulgação da pesquisa acabou sendo cancelada.
A perplexidade com a consolidação da liderança de Lula fez com que os planos golpistas fossem antecipados.
Nos últimos dias, Bolsonaro tem xingado mais, mentido mais e ameaçado mais as instituições.
A situação atual está longe de ser de normalidade democrática. A antecipação do golpismo bolsonarista poderá ter, porém, um benefício.
A depender de como as instituições lidarem com as bravatas presidenciais de agora, o Brasil poderá chegar às urnas em outubro com mais tranquilidade para escolher seus representantes.
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